Elias de Lemos (Correio9) 6s6y3m

A professora Leide Maria Fagundes Alves é candidata a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores, nas eleições do próximo domingo. Ela tem 55 anos e começou na militância política, ainda, na adolescência há mais de 40 anos.
Ela é a segunda de cinco irmãos. Nasceu em Barra de São Francisco, mas, aos dois anos de idade, veio morar em Nova Venécia. Mãe de três filhos, Leide é bacharela em Direito, bacharelanda em Matemática e faz Licenciatura em Ciências Naturais.
A candidata concedeu, ao Correio9, a entrevista que você confere a seguir:
Correio9 – O que levou você a se candidatar?
LEIDE – Eu sou militante do PT, do Partido dos Trabalhadores há 26 anos, 30 anos como simpatizante e filiada. Eu penso que tenho muito a contribuir pela minha experiência, pela minha luta junto com os movimentos sociais. Pelo conhecimento que eu adquiri durante muitos anos, então, eu achei mais interessante vir como candidata a deputado federal.
Correio9 – Você é candidata no momento onde a política está muito descrente. O que você está propondo ao eleitor para convencê-lo de que você é uma alternativa para ele?
LEIDE – Eu estou falando que a política está presente em todos os âmbitos. Se você quer uma rua calçada você precisa da política. Se você quer melhorar a educação, a saúde, o lazer, o esporte, habitação, distribuição de renda, você precisa, que você tenha um político que esteja ao seu lado.
Correio9 – Como os eleitores têm recebido suas propostas?
LEIDE – Eles têm recebido muito bem, eu não tenho sentido nenhuma rejeição. Às vezes eu ouço assim: eu não vou votar em você. Mas, não maltrata. Mas eu também ouço assim: eu vou votar em você porque você tem propostas boas, eu te conheço há muitos anos, você tem um trabalho do movimento social que é muito grande. Eu não vejo que as pessoas tenham tanta rejeição na política, principalmente a política ligada aos movimentos sociais. Se alguém tiver que reivindicar alguma coisa você tem de estar na política, ou na política dos movimentos sociais.
Correio9 – Você é candidata pelo PT, um partido que vem enfrentando uma série de questões relacionadas com a corrupção. Existe uma série de ideias também que são um pouco conflituosas e conturbadas sobre este assunto. Qual a defesa que você faz do Partido dos Trabalhadores?
LEIDE – Nestes 13 anos que o PT esteve no poder nós tiramos 40 milhões de pessoas da fome, e da miséria. Tem outra coisa também, a corrupção não é algo novo, não é de agora, é algo que existe desde o início da humanidade. Interessante que as pessoas falam da corrupção no PT, mas não falam da corrupção do PSDB, do DEM, ou de outros partidos. Tem pessoas com problemas no nosso partido? Tem! Agora, por exemplo, o companheiro Lula está preso lá em Curitiba, mas até hoje não se provou nada contra ele, não se provou que o triplex é dele. Eu acho que quem tem prova contra Lula deveria mandar para o Moro. Porque, o que é que eu penso? Eu penso que a corrupção está em todos os partidos, a corrupção tem seu nascedouro lá atrás, não é só em um partido ou em outro, o grande problema é que criminalizaram o PT e os outros partidos ficaram aí numa boa, é isto que está acontecendo.
Correio9 – Dentro de tantos problemas que se discutem no Brasil hoje, qual deles você apontaria como sendo o maior deles? Como você poderia dizer: eu sendo eleita, vou lutar por isso?
LEIDE – O maior problema hoje do Brasil é a questão da verba para a educação e para a saúde, e outra coisa também, o primeiro emprego, a distribuição de renda. Estes são os grandes problemas. Porque quando a pessoa está empregada, ou quando ela tem uma terra para plantar, ela tem como comprar suas coisas, ela tem como sobreviver. Agora, quando ela está desempregada, como que ela vai viver com uma criança ando necessidades dentro de casa?
No governo do PT houve distribuição de renda, e é por isso que o companheiro Lula está preso. É porque, ele ousou desafiar a elite, é por isso que ele está preso. Ele fez muita distribuição de renda, você tem aí o Prouni, o programa Minha Casa Minha Vida. Antes disso, quem era o pobre, como eu, que poderia estudar? Eu estudei, dei estudo aos meus filhos. Antes do PT nós não podíamos. Com Lula e Dilma nós pudemos estudar, a gente pôde adquirir uma casa. Eu agradeço muito a esse partido e agradeço muito a distribuição de renda que foi feita.
Correio9 – Você é uma pessoa que tem um histórico de envolvimento, de ativismo social com movimentos sociais. Quais são as suas propostas para os movimentos sociais?
LEIDE – Olha, especialmente no campo onde atuo, na educação do campo. E fazer projetos para proteger a educação do campo desde a infância até o ensino superior. Até o mestrado, doutorado, phd. Essa é uma das minhas propostas. A minha segunda proposta é dar aos jovens e adultos, condições de estudarem, porque, a arma mais importante para que se possa vencer a miséria e a fome: primeiro é a distribuição de renda, segundo, é a educação, como já dizia Mandela.
Correio9 – E na área de segurança?
LEIDE – A segurança pera pela distribuição de renda. Se você tem uma distribuição de renda, você tem pessoas com emprego, você tem pessoas com terra plantando, tipo o Movimento dos Pequenos Agricultores, o Movimento Sem Terra. O MST é um dos movimentos que mais produz produtos orgânicos na América Latina, produtos que são bons para a saúde da população, não só para os integrantes do movimento não, mas sim da população em geral.
A segurança é consequência disso aí.
Correio9 – Em relação às mulheres, nós acompanhamos diariamente a questão sobre a violência contra as mulheres, violência doméstica, feminicídio. Quais são as suas propostas para melhorar a segurança da mulher, ou pelo menos diminuir a incidência de violência dentro das casas?
LEIDE – Primeiro: criar nos municípios a Delegacia de Mulheres, uma ouvidoria de mulheres que seja gerida por mulheres. Segundo: você terá a Casa das Mulheres, não só nas metrópoles e nas capitais, mas também nos interiores, pois aqui também acontece. Terceiro: posso dizer que é importante incentivar as mulheres a noticiar o crime.
Outra coisa, que eu acho fundamental, é dar condições para essa mulher, para que ela fique em um local onde ela seja tratada, que haja acompanhamento com psicólogos, com psiquiatras, que ela tenha direito a médicos, advogados, que ela tenha uma equipe. Isso é extremamente importante, porque não basta só fazer, só pegar o depoimento da mulher. A mulher volta para casa e continua apanhando, continua com traumas e muitas vezes acaba sendo assassinada. É preciso cuidar para que ela possa voltar ao convívio social.
Correio9 – Qual a sua mensagem final para o seus eleitores?
LEIDE – Gostaria de dizer para a região de Nova Venécia que eu estou na política partidária há 26 anos, mas, na política geral, há mais de 40 anos. A minha primeira revolta foi quando eu morava no interior e o meu pai ficava “de Déo em Déo” nas fazendas, e quando o fazendeiro queria que ele se retirasse de suas fazendas, ele acabava colocando fogo nas plantações que a gente cultivava, e acabava deixando a gente sem nada. Um dia, eu e o meu irmão fizemos greve de fome. Aí meu pai veio para a cidade. Primeiro veio eu, depois, o meu irmão, depois veio a família para estudar. Essa foi a minha primeira reivindicação e foi a minha primeira revolta, foi a minha entrada nos movimentos sociais. Eu digo sempre o seguinte: se eu for para a Câmara Federal eu pretendo lutar para que as pessoas tenham direitos, projetos para que as pessoas tenham direito à educação, à saúde, de modo geral, tenham uma vida melhor.
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