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Elias de Lemos (Correio9)
Pela primeira vez na história, a tecnologia reúne 8 dos 10 homens mais ricos do mundo na lista da revista Forbes, com Elon Musk encabeçando a lista. Nos últimos nove meses, a fortuna do dono do ‘X’ (antigo Twitter) mais que dobrou alcançando U$ 421 bilhões (R$ 1,43 trilhão).
Nesse período, o extremista de direita apostou todas as suas fichas e abraçou a campanha de Donald Trump, à Presidência dos Estados Unidos (EUA), que tomou posse na última segunda-feira (20 de janeiro) apoiado pelos bilionários das redes sociais, vide a mudança de postura de Mark Zuckerberg, dono da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), que se juntou à extrema-direita ao anunciar um “libera geral” de fake news e discursos de ódios em suas redes sociais.
O dono da Meta, Mark Zuckerberg, acusou os países latino-americanos de possuírem “tribunais secretos”, que ordenariam a retirada de postagens nas redes sociais “silenciosamente”.
Zuckerberg é o segundo homem mais rico do planeta com uma fortuna estimada em U$ 213,7 bilhões (R$ 1,29 trilhão). A pergunta que fica é: os países vão aceitar ou vão resistir à ofensiva dos bilionários que se acham donos do mundo?
Em seus discursos Zuckerberg e Musk falam em “liberdade de expressão”, que estaria sendo cerceada pela justiça. Ao falar em “tribunais secretos”, está claro que o recado é para o Supremo Tribunal Federal (STF), leia-se: ministro Alexandre de Moraes.
No entanto, a tal liberdade de expressão não a de uma cortina de fumaça para liberar aquilo que a extrema-direita faz melhor: mentir. A mentira é o oxigênio dos extremistas!
Por quê os bilionários abraçaram a extrema-direita fascista?
Estamos vivendo um momento de transição que desenha um mundo muito diferente deste que conhecemos. O nome disso é geopolítica. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o ocidente vem ditando as regras do mundo. Acontece que o controle do mundo está mudando de mãos.
Desde que se tornou a potência hegemônica, os EUA (aliado à União Europeia) sempre reinaram sem ameaça ao seu domínio sobre o resto dos países. No entanto, o momento é desafiador para o governo americano. Primeiro, a guerra tecnológica contra a China, país que avança em uma escalada irreversível. E segundo, o surgimento dos Brics (grupo formado pelo Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul).
Em 2025, a Indonésia foi itida, no entanto, há 36 pedidos de ingresso no Brics. O interesse de tantos países ingressarem no grupo é devido à igualdade de voz, as vantagens para os membros, um país não manda nos demais, como acontece em outros organismos, como o G8. O Brics oferece muitas possibilidades.
Os EUA se lançaram no desafio de frear o avanço tecnológico chinês, em vão. O processo é irreversível. Porém, eis que os Brics encontraram um meio de fraturar a espinha dorsal da economia americana: o dólar.
A ideia em curso é a desdolarização da economia internacional, que é o processo de substituição do dólar como moeda usada para comércio de petróleo e outras commodities; compra de dólares para composição de reservas cambiais; acordos comerciais e outros ativos fixados em dólar.
Com isso, os Brics pretendem usar as próprias moedas para a realização de transações. Mais recentemente, começou a ser debatida a ideia de criação de uma moeda própria ou, então, uma unidade de conta para o grupo.
É essa mudança geopolítica que tem tirado o sono dos extremistas e provocado calafrios nos EUA e na União Europeia, que não abrem mão de mando do mundo.
No Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, avisou que as redes sociais só funcionarão se cumprirem as leis brasileiras: “Redes sociais só continuarão a funcionar se seguirem a legislação”.
Um exemplo claro do que notícias falsas podem ocasionar ocorreu recentemente, quando o governo anunciou mudança na fiscalização de transações via Pix. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) divulgou um vídeo mentiroso dizendo que o governo cobraria imposto sobre o Pix. A mentira teve mais de 300 milhões de visualizações e causou tanto pânico que o governo voltou atrás.
Na prática, o que o governo intencionava era fiscalizar as transações para correr atrás de sonegadores e evitar lavagem de dinheiro.
Após a extrema-direita espalhar a fake news, pastores neopentecostais subiram no telhado devido à queda de doações, via PIX, por parte dos fiéis.
Agora, é aguardar os desdobramentos da decisão do dono da Meta e a reação da justiça brasileira. É importante lembrar que em 2024 o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a operação do ‘X’ (antigo Twitter) no Brasil, devido ao descumprimento das leis nacionais. A suspensão durou 40 dias.
A direita não entende os limites da liberdade de expressão. Caluniar, difamar, atacar a honra alheia e mentir para enganar a população não é liberdade; é má fé, é crime.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
OS TEXTOS ASSINADOS NÃO REFLETEM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO CORREIO9
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